As alergias e a intolerância a alguns alimentos é algo bastante comum e que afeta inúmeras pessoas em todo o mundo. Devido à sua sintomática, muito parecida, e à forma como é sentida por cada pessoa, estas duas condições são, frequentemente, confundidas, havendo, inclusivamente, quem utilize os termos alergia alimentar e intolerância alimentar como se de sinónimos se tratassem.
A verdade é que, embora tenham alguns traços comuns, estas duas condições se assumem de forma muito diferente, afetando as pessoas mesmo que – como acontece frequentemente – estas nem se apercebam de que a causa dos sintomas é derivada da sua alimentação.
Neste artigo, procuraremos partilhar consigo uma viagem, partindo das alergias alimentares até à intolerância aos alimentos e esclarecendo as suas diferenças, sintomas e diagnósticos.
1. Alergia e intolerância: as diferenças fundamentais
É muito comum que estes dois nomes surjam como sinónimos no centro das conversas e há uma razão para tal: a alergia alimentar e a intolerância a alimentos são, de facto, duas condições cujos sintomas apresentam pontos comuns e que levam os afetados a diminuir ou evitar por completo o consumo de determinadas comidas. Ainda assim, como verá, estas condições, embora irmãs sintomáticas, não podiam ser mais distintas.
A alergia aos alimentos trata-se de uma reação do nosso sistema imunológico, mediada por IgE particulares. O que acontece, numa reação alérgica é que o organismo assume que um determinado elemento é um “invasor” nocivo e age sobre ele, no sentido de eliminar a ameaça.
As manifestações da alergia costumam ser imediatas, revelando-se das mais diversas formas: falta de ar, borbulhas, vermelhidão, etc. O facto de surgirem após o contacto ou ingestão do alimento, torna estas reações úteis para o diagnóstico, que geralmente é simples e rápido. Alguns dos alimentos cotados como “alergénios” são os amendoins, os ovos e o marisco.
De salientar que, por norma, a manifestação da alergia ocorre apenas perante a exposição ao alimento que a causa, não tendendo a manter-se quando este é evitado.
A intolerância alimentar acontece de outra forma. Trata-se de uma reação orgânica lenta, que acontece através de processos cumulativos, quando o organismo tem a incapacidade de digerir de forma correta ou completa um alimento ou um grupo específico de alimentos. Esta intolerância acontece, por norma, devido a uma deficiência enzimática do nosso sistema digestivo.
Resultando disto, o organismo produz um conjunto de substâncias que, com a continuação, podem gerar problemas de saúde ou mesmo doenças crónicas. A intolerância torna-se, clinicamente, mais difícil de diagnosticar do que a alergia alimentar uma vez que não apresenta uma sintomática imediata, podendo estes sintomas levar meses ou mesmo anos a surgir.
A intolerância a alimentos pode acontecer a qualquer pessoa, em qualquer fase da sua vida, sendo mais comum em pessoas cuja alimentação não cumpre as necessidades vitamínicas e proteicas, sendo repetitiva e pouco variada. Um exemplo de intolerância a alimentos seria a conhecida intolerância à lactose, que afeta milhões de pessoas cujo organismo, não produzindo a lactase (enzima responsável pela digestão do leite), reage de forma negativa à ingestão do mesmo.
Contrariamente ao que se pensa, as intolerâncias alimentares são mais comuns do que as alergias, estimando-se que afetem um terço da população. Torna-se, assim, importante saber como reconhecer os seus sintomas.
2. Sintomas de intolerância
A intolerância aos alimentos pode apresentar-se de formas diversas e, por isso mesmo, é importante que esteja atento aos sinais, por mais pequenos que lhe pareçam. Se, após uma refeição, sentir náuseas, mal-estar, dores abdominais ou flatulência, é possível que sofra desta condição.
A intolerância apresenta diversos tipos de sintomas. Entre estes, destacam-se os sintomas digestivos, psicológicos, dermatológicos, respiratórios e neurológicos.
Reações como obstipação, náusea, diarreia, acne, urticária, rosácea e cólicas são algumas das mais comuns.
Mas, a estas, junta-se a ansiedade, a fadiga, as dores de cabeça fortes, a asma, a retenção de líquidos, o aumento ou perda de peso, as artrites e até a letargia. Sintomas variados, difíceis de identificar e que, provavelmente, não associará à sua alimentação mas antes ao ritmo frenético da vida quotidiana.
A verdade é que, se estes sintomas o perturbam, a causa dos mesmos pode estar mais perto do que imagina: no seu prato… Torna-se, por isso mesmo, muito importante que se mantenha alerta, para garantir que faz o diagnóstico correto dos mesmos.
3. Diagnosticando a intolerância
Falar em alergia ou intolerância é falar de uma reação que acontece na fase final da digestão e pela qual o grande responsável é o nosso intestino. Sendo um dos pontos mais importantes da nossa digestão, é neste que se dá a absorção dos nutrientes dos alimentos ingeridos.
Compreender de que forma o corpo responde a essa absorção será, pois, fundamental para um diagnóstico correto. É importante, perante os sintomas, que consulte o seu médico ou nutricionista e lhe explique, da forma mais linear e completa possível, os sintomas que o incomodam, explanando, também, de forma honesta, a sua rotina alimentar.
Mesmo perante um especialista, a identificação da substância que lhe causa alergia ou intolerância poderá não ser simples, uma vez que, nos dias de hoje, muitos dos alimentos que ingerimos são altamente processados, havendo componentes transversais a inúmeros alimentos.
Fica, portanto, uma questão: se assim é, como podemos identificar as comidas a evitar? Como saber qual ou quais os alimentos que nos estão a prejudicar?
4. O teste de intolerância alimentar
Cada vez mais adaptado às necessidades das pessoas, o mercado oferece já mais do que uma forma eficaz de fazer o seu teste de intolerância alimentar.
Este é um teste que poderá fazer em clínicas, sendo guiado pelo seu médico ou nutricionista. Se preferir, no entanto, existem também opções caseiras para quem preferir realizar o seu teste sozinho, no conforto da sua casa.
O teste de intolerância alimentar para realizar em casa apresenta-se, no mercado, sob a forma de kit e é de venda livre. Este irá ajudar a determinar a presença dos anticorpos produzidos em resposta à ingestão dos alimentos aos quais é intolerante. Permitindo a análise de dezenas de alimentos distintos, o teste irá dizer-lhe quais são os alimentos seguros, quais deve eliminar da sua alimentação e quais deve evitar.
Em suma, as alergias e intolerâncias alimentares afetam, de forma negativa, o quotidiano de muitas pessoas, sem que estas se apercebam. Por isso mesmo, perante sintomas frequentes, é realmente importante que contacte um especialista de saúde para determinar se estas sintomáticas derivam da sua alimentação.
Poderá, também, apoiar-se nos resultados dos testes para fazer em casa e confirmar se se sente melhor ao eliminar os alimentos nocivos da sua rotina alimentar. Certamente irá sentir-se mais descansada e melhor assim que souber a causa do seu mal-estar.
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